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PERTURBAÇÕES ALIMENTARES



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PERTURBAÇÕES ALIMENTARES

 

Há vários regimes alimentares diferentes de acordo com hábitos, cultura e gosto. Todos eles podem ser saudáveis se responderem às necessidades do nosso organismo.

Contudo, certamente já ouviste falar em perturbações alimentares. Correspondem a alterações significativas do comportamento alimentar constituindo-se atualmente como um grave problema de saúde. As mais conhecidas são a anorexia nervosa (recusa em alimentar-se e consequente perda considerável de peso) e a bulimia nervosa (ingestão compulsiva de alimentos). Em ambas as perturbações, embora com comportamentos alimentares disfuncionais, são essencialmente problemas emocionais que estão na sua base. Apesar de serem mais comuns nas raparigas, também há rapazes que sofrem destas perturbações, embora em menor escala.

As perturbações alimentares não são apenas problemas sobre comida, peso, aparência física ou força de vontade. São doenças sérias que podem vir a constituir-se como uma ameaça à vida.

 

ANOREXIA NERVOSA

A anorexia nervosa é uma perturbação que se caracteriza pelo medo excessivo de engordar, acompanhada por forte preocupação em emagrecer. Surge mais facilmente num ambiente em que é hipervalorizada a magreza. Tecnicamente diz-se que se refere a uma rígida e insuficiente dieta alimentar com o objetivo de baixar o peso corporal. É uma perturbação mental com forte impacto no corpo podendo levar à morte.

Geralmente surge na adolescência e está muito associada ao emagrecimento excessivo, mas atenção não deve ser confundida com a simples perda de apetite ou recusa momentânea em comer, tão pouco com uma dieta.

 

DIFERENÇA ENTRE DIETA E ANOREXIA

Dieta saudável

Anorexia

- A dieta é uma forma de controlares o teu peso.

- A anorexia é uma forma de controlar a tua vida e as tuas emoções.

- A tua autoestima não se baseia apenas no teu peso e na tua imagem corporal.

- A tua autoestima é baseada inteiramente no peso que tens e na magreza que aparentas.

- A tua perda de peso é uma forma de melhorar a tua saúde e aparência.

- A tua perda de peso é uma forma de te sentires feliz.

- O teu objetivo é sentires-te saudável.

- Tornares-te magra é tudo o que interessa, mesmo que prejudiques a tua saúde.


A pessoa vê a excessiva perda de peso como um sucesso e capacidade de controlo sobre si, e não como um problema grave. Algumas pessoas alternam períodos de anorexia com bulimia, isto é, têm períodos em que fazem dietas extremas passando para períodos onde ingerem grandes quantidade de comida, contudo logo de seguida provocam o vómito de modo a reduzir o sentimento de culpa por ter comido demais.

É comum dividir-se a anorexia em dois tipos:

  • Restritiva: perde peso através de dietas, jejuns e exercício físico em excesso.
  • Purgativa (bulímica): em algumas fases a pessoa come desenfreadamente provocando o vómito de seguida. Pode também tomar diuréticos e laxantes.

Os adolescentes/jovens com diagnóstico de anorexia nervosa utilizam estratégias extremas para perder peso que incluem normalmente:

  • Fazer dieta extrema e rigorosa;
  • Controlar as calorias dos alimentos e as ingeridas às refeições;
  • Evitar comer a todo o custo, mesmo sentindo fome;
  • Fazer exercício físico de forma excessiva, até à exaustão;
  • Utilizar comprimidos dietéticos, diuréticos ou mesmo laxantes.

 

SINAIS

Uma pessoa com anorexia pode apresentar alguns dos seguintes sinais:

  • Servir todas as pessoas que estão na mesa, servindo-se por último;
  • Dispersar a pouca quantidade de comida pelo prato de modo a parecer que tem muita comida;
  • Partir a comida em pedaços muito pequenos;
  • Mastiga a comida infinitamente;
  • Verbalizar frequentemente a quantidade de calorias dos alimentos;
  • Usar roupas muito largas de modo a esconder o corpo;
  • Evitar conversas relacionadas com o seu peso e hábitos alimentares;
  • Evitar refeições sociais com os amigos e família;
  • Queixar-se frequentemente que está «gorda», mesmo estando muito magra;
  • Fazer exercício físico excessivo em qualquer condição (mesmo lesionado ou com mau tempo);
  • Ficar angustiado por não fazer exercício;
  • Afastar-se socialmente e abandonar atividades que anteriormente realizava;
  • Mentir sobre quantidade e tipo de refeições;
  • Perder peso de modo acentuado;
  • Sofrer de queda do cabelo;
  • Desmaiar.

 

SINTOMAS

Os principais sintomas na anorexia nervosa são:

  • A pessoa não se sente bem consigo própria;
  • Tem um medo enorme de ganhar peso ou de ficar gorda, mesmo sendo muito magra;
  • Aumento da ansiedade próximo da hora das refeições;
  • Alteração no padrão dos períodos menstruais para raparigas que atingiram a puberdade, chegando mesmo a deixar de ser menstruada (amenorreia);
  • Alteração da imagem corporal (ex.: a imagem do eu que se vê ao espelho não corresponde à realidade, ou seja, a jovem com anorexia vê-se sempre muito gorda, mesmo que esteja extremamente magra);
  • Baixa auto-estima (ex.: opiniões negativas sobre si própria, sentimentos de vergonha, culpa ou de repulsa);
  • Podem apresentar sintomatologia depressiva.



PROFISSIONAIS DE SAÚDE

O tratamento bem sucedido envolve vários profissionais. As perturbações alimentares são abordadas por equipas multidisciplinares, em que diferentes profissionais cuidam de forma coordenada da adolescente/jovem com anorexia. Geralmente, uma equipa multidisciplinar inclui:

  • Médico de família;
  • Psiquiatra/pedopsiquiatra;
  • Enfermeiro;
  • Psicólogo;
  • Dietista ou nutricionista;
  • Endocrinologista.

 

TRATAMENTOS E INTERVENÇÕES DISPONÍVEIS:

O tratamento da anorexia é complexo. O maior desafio no tratamento é fazer a adolescente/jovem reconhecer que tem uma perturbação. A maioria dos jovens com anorexia nervosa nega que tem um perturbação alimentar. Em geral, as pessoas só iniciam um tratamento quando a perturbação já é grave.

Terapias Psicológicas:

As psicoterapias podem e devem ser usadas, tanto individuais como em grupo e em família. A indicação dependerá do profissional responsável.

  • Terapia cognitivo-comportamental - O objetivo da terapia é mudar os pensamentos e os comportamentos de um jovem de forma a encorajá-lo a comer de maneira mais saudável. A terapia pode envolver toda a família, pois a família é vista como parte da solução.
  • Grupos de apoio - Nos grupos de apoio, jovens e familiares encontram-se e partilham experiências e sentimentos relacionados com o distúrbio alimentar.

MEDICAMENTOS

Pode ser necessário e útil utilizar medicamentos no tratamento destas perturbações. Os antidepressivos e ansiolíticos poderão ser prescritos pelo médico.

ESTRATÉGIAS DE AUTOAJUDA

Pouco se sabe acerca da eficácia das estratégias de autoajuda. Por exemplo, o exercício físico apesar de ser utilizado como terapia útil em jovens com depressão, ansiedade, stress, só deve ser realizado quando aconselhado e sob supervisão profissional nos jovens com perturbações alimentares.

 

BULIMIA

A bulimia implica o consumo rápido de uma grande quantidade de comida num curto período de tempo, com uma voracidade fora do comum, não controlando a quantidade do que se está a comer. Frequentemente, termina com manobras indutoras de vómito. Também pode estar associado o uso de laxantes e diuréticos. Este comportamento gera sentimentos de culpa e vergonha que mantém a perturbação.

Este ciclo vicioso designa-se de ciclo bulímico como podes ver na figura seguinte:

 

alimentar



Para a adolescente/jovem com bulimia, comer compulsivamente e vomitar constitui um ciclo, mas pode não ganhar ou perder peso suficiente para que se torne percetível aos outros que sofre de uma perturbação alimentar. Esta perturbação provoca graves alterações no corpo, conforme se pode verificar da figura seguinte:

bulimia

Fonte: National Women's Health Information Center

 

SINAIS

No caso de bulimia são comuns os seguintes sinais:

  • Evidências de vómito deliberado (ex.: ir à casa-de-banho durante ou imediatamente após as refeições);
  • Os dedos ficam com calosidades e amarelados de induzir o vómito repetidamente;
  • As bochechas ficam inchadas de tanto vomitar;
  • Dentes ficam amarelos ou parecerem «transparentes» por exposição ao ácido do estômago;
  • Flutuações no peso (pode variar entre 5kg ou mais);
  • Exercício em excesso;
  • Odor a vomitado na casa de banho;
  • Falta de controlo no que come (comer até ficar fisicamente desconfortável e com dores);
  • Segredo à volta da comida (ir à cozinha depois de todos estarem a dormir, ir à cozinha de noite, ir sozinha comer fora, esperar ou atrasar-se para comer sozinha);
  • Comer em grandes quantidades sem alteração do peso;
  • Em alguns casos o caixote do lixo serve para esconder os pacotes vazios da comida em segredo, outros casos o comportamento leva-as a esconder em outros sítios, onde não possam ser descobertas;
  • Alternar entre comer muito a algumas refeições e não comer nada noutras. Raramente fazem uma refeição equilibrada;
  • Sente-se desconfortável a fazer refeições com amigos e família;
  • Inventa desculpas para não comer com os amigos e família;
  • Mostra sinais de depressão.



SINTOMAS

Na bulimia são comuns os seguintes sintomas:

  • Falta de autoconfiança;
  • Baixa autoestima (ex.: opiniões negativas sobre si, sentimentos de vergonha, culpa ou de repulsa);
  • Aumento da ansiedade próximo da hora das refeições;
  • Estar constantemente preocupado com a forma do corpo e o peso;
  • Viver com medo de ganhar peso;
  • Sentir que não controla os seus comportamentos;
  • Sentir-se cansada e sem forças;
  • Alterações de humor incluindo depressão, tristeza e sentimentos de culpa;
  • Ser exageradamente crítico em relação a si próprio;
  • O valor que a pessoa atribui a si é determinado pelo peso.



PROFISSIONAIS DE SAÚDE

O tratamento bem sucedido envolve vários profissionais. As perturbações alimentares são abordadas por equipas multidisciplinares, em que diferentes profissionais cuidam de forma coordenada da adolescente/jovem com anorexia. Geralmente, uma equipa multidisciplinar inclui:

  • Médico de família;
  • Psiquiatra/pedopsiquiatra;
  • Enfermeiro;
  • Psicólogo;
  • Dietista ou nutricionista;
  • Endocrinologista.

 

TRATAMENTOS E INTERVENÇÕES DISPONÍVEIS

Os tratamentos para a bulimia incluem aconselhamento, terapia cognitivo-comportamental (para alterar os hábitos alimentares), grupos de apoio ou terapia de grupo e planeamento nutricional. Algumas vezes é utilizada medicação (como por exemplo os anti-depressivos) como tratamento para a bulimia.

  • Terapia cognitivo-comportamental. Possui como objetivo alterar os hábitos alimentares e os comportamentos de controlo de peso, bem como as preocupações do jovem com a forma do corpo e o seu peso. Existem programas de terapia cognitivo-comportamental que visam especificamente a bulimia e têm demonstrado ser eficazes.
  • Terapia interpessoal. Neste tratamento a ênfase está em ajudar o jovem a identificar e modificar problemas relacionais (questões familiares ou com os seus amigos) que estejam a contribuir para a sua perturbação alimentar.

 

ESTRATÉGIAS DE AUTOAJUDA

Quando se trata de uma perturbação alimentar como a bulimia a autoajuda pode ser eficaz se o jovem estiver motivado para alterar os seus comportamentos. Os livros de autoajuda podem ajudar a reduzir os sintomas associados de depressão ou de ansiedade. É importante referir que as estratégias de autoajuda devem ser sempre acompanhadas e discutidas com um profissional de saúde.

Podes ajudar um amigo teu numa situação em que suspeitas que está a sofrer de algo relacionado com perturbações alimentares, utilizando algumas estratégias úteis (ANIPI).

 

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