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ESQUIZOFRENIA

É provável que já tenhas ouvido ou dito a um amigo ou colega:
- Estás a delirar!
- Estás a ver coisas que não existem!
- Estás a alucinar!
- Andas paranoico!

Frequentemente estas expressões são utilizadas para caracterizar aquilo que consideras não fazer sentido.

Delírio, alucinação, paranoia, são termos que fazem parte de um grupo de doenças designadas de psicoses no qual a esquizofrenia se enquadra. Afeta cerca de 1% da população e muitas vezes os primeiros sinais e sintomas aparecem na juventude. É uma doença que afeta gravemente a forma de pensar e estar da pessoa, a sua vida emocional e o seu comportamento, com reflexos em si e naqueles que o rodeiam.

Em linguagem científica diz-se que a característica principal destas doenças é a perda de contacto com a realidade .

A esquizofrenia, existem diferentes tipos, e compreende diversos sinais e sintomas, como delírios, alucinações, desorganização do discurso, do comportamento e os designados sintomas negativos.

A forma como os sinais e os sintomas se manifestam varia de pessoa para pessoa, tanto na frequência como na intensidade. Nem todos os jovens têm sinais e sintomas do mesmo modo e durante o mesmo tempo.

Os delírios são ideias firmes e seguras que a pessoa tem, convicções falsas, resistentes e que não são possíveis de modificar pelo simples facto de demonstrar à pessoa que são erradas. Por exemplo, um jovem que diz de modo convicto que um vizinho seu, amigo do seu pai, o persegue, espia e prejudica intencionalmente na escola, tem a séria convicção de que isto é verdade. A tua reação normal é o espanto. De facto, de nada adianta chamá-lo à razão e dizer que está errado. A isto chamamos delírio de perseguição ou persecutório, mas existem outros tipos de delírios (ex.: delírios de grandeza).

As alucinações dizem respeito à alteração das perceções que a pessoa entende como reais quando na realidade não existem. Nessa fase os jovens experimentam determinadas sensações que envolvem os sentidos. As mais comuns são as alucinações auditivas (ex.: ouvir vozes a falar consigo, barulhos estranhos, ruídos, etc.), mas também podem ocorrer alucinações visuais (ex.: ver pessoas e imagens), sensitivas (ex.: sentir a cabeça a arder), olfativas (ex.: sentir cheiros) e gustativas (ex.: sabores).


A esquizofrenia implica também:

  • a desorganização do discurso. Corresponde à fragmentação do pensamento, mas isso não faz que a pessoa tenha «dupla personalidade» como muitas vezes se pensa. Pode ser observado a partir do modo como a pessoa fala, especificadamente se não consegue ligar o discurso de modo coerente, diz coisas sem sentido, repete a mesma coisa ou ideia vezes sem fim, ou ainda muda de discurso rapidamente.
  • a desorganização do comportamento. A pessoa deixa de ter as suas atividades orientadas por objetivos, observando-se um declínio na sua capacidade de cuidar de si e de trabalhar ou estudar.

Uma outra componente da esquizofrenia são os sintomas negativos. Correspondem à ausência, diminuição ou perda de capacidades tidas anteriormente, incluindo as emoções. Estes sintomas podem por exemplo incluir empobrecimento emocional (embotamento emocional), perda de prazer com atividades do seu interesse anterior (anedonia), isolamento social, entre outros.

 

SINTOMAS

Em algumas pessoas os sinais surgem de repente, sem aviso prévio. Contudo, na maioria das vezes vão-se desenvolvendo mais lentamente, mesmo antes do primeiro episódio considerado grave. Estes episódios graves designam-se de surtos psicóticos.

Entre os profissionais de saúde utiliza-se a expressão pródromos para designar uma fase prévia ao aparecimento dos sinais e sintomas da esquizofrenia e que implicam alterações a diferentes níveis. São considerados inespecíficos, isto é, podem estar presentes noutras perturbações e não têm critério de duração. De entre esses sintomas prodrómicos destacam-se:

  • Atenção e concentração reduzidas;
  • Diminuição da iniciativa e motivação;
  • Sintomas depressivos;
  • Alterações do padrão do sono;
  • Ansiedade;
  • Isolamento social;
  • Desconfiança;
  • Irritabilidade.

 

SINAIS

As pessoas que vivem ao lado de um jovem que sofre de esquizofrenia, dizem regularmente que suspeitavam que algo errado se passava, mas não sabiam propriamente o quê. A esquizofrenia compreende a presença de alguns dos seguintes sinais:

  • Afastamento social;
  • Comportamentos hostis e de desconfiança de tudo;
  • Deterioração da higiene pessoal;
  • Olhar vago, inexpressivo e apático;
  • Incapacidade de chorar ou rir;
  • Riso ou choro completamente inapropriado;
  • Incapacidade de memorizar informação, esquecendo-se facilmente;
  • Uso de palavras estranhas ou então uma maneira estranha de falar;
  • Reagir com hostilidade a críticas;
  • Mudança de assunto de forma repentina sem ligação entre assuntos;
  • Falar com recurso a rimas, mas que não fazem sentido;
  • Abandono escolar.



PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Dependendo do estado de saúde e fase da doença em que se intervém, existem diferentes profissionais que podem realizar o diagnóstico, dos quais se destacam:

  • Médicos de família;
  • Psiquiatras e pedopsiquiatras.

 

É de salientar que existem outros profissionais de saúde que também intervêm em doentes com diagnóstico de esquizofrenia, quer através do acompanhamento, quer ainda de intervenções mais específicas como são os enfermeiros de saúde mental e os psicólogos.

 

TRATAMENTOS E INTERVENÇÕES DISPONÍVEIS

­ MEDICAMENTOS

  • Há medicamentos que são essenciais e eficazes no tratamento da esquizofrenia ao longo da vida e que permitem uma boa evolução prognóstica. Os medicamentos mais utilizados designam-se de antipsicóticos. São fármacos eficazes para os sintomas psicóticos, especificamente ao nível dos delírios e alucinações permitindo que o doente readquira autonomia e um bom nível de funcionalidade. Contudo, podem ser necessários outros medicamentos para outros sintomas como falta de motivação, baixa memória e problemas com a concentração. Quanto mais cedo for a intervenção, melhor!

­ Outro tipo de intervenções:

Um jovem com diagnóstico de esquizofrenia necessita além, de cuidados médicos especializados, de apoio psicossocial, familiar e de educação sobre a doença. Podem distinguir-se:

  • Terapia cognitivo-comportamental. Ajuda a reduzir o desespero causado pelos sintomas psicóticos, identificando-os precocemente, desenvolvendo treino de competências socias e ajudando-o na gestão da medicação;
  • Tratamento na comunidade é uma abordagem para jovens que estão a viver fases mais específicas da doença, por exemplo, que estão em recuperação. O cuidado ao jovem é gerido por uma equipa de profissionais de saúde, como psiquiatra, enfermeiro de saúde mental, psicólogo e assistente social. O cuidado está disponível 24 horas por dia e é feito à medida das necessidades individuais do jovem. O apoio é prestado também aos membros da família. O tratamento na comunidade tem demonstrado reduzir as recaídas, a gravidade dos sintomas e a necessidade de hospitalização;
  • A psicoeducação é utilizada para jovens com diagnóstico de esquizofrenia e sua família. Incentivam a capacitação do jovem e da sua família sobre a sua doença e qual a melhor forma de a gerir. Isto ajuda a evitar as recaídas. O ambiente familiar influenciado pela tentativa de lidar com uma incapacidade não compreendida, pode contribuir para as recaídas e gravidade dos sintomas do jovem com esquizofrenia. A psicoeducação pode ajudar a evitar isto.

 

ESTRATÉGIAS DE AUTOAJUDA

Os jovens com diagnóstico de esquizofrenia não devem recorrer ao uso de álcool e outras drogas. Muitas vezes, o consumo de drogas como forma de lidar com o desenvolvimento da doença, agravam os sintomas, são motivo de recaídas, assim como podem dificultar o diagnóstico.

Muitos jovens com diagnóstico de esquizofrenia sofrem também de depressão ou ansiedade, logo muitas das estratégias de autoajuda recomendadas para estas perturbações são apropriadas na esquizofrenia. Contudo deve existir intervenção de um profissional de saúde especializado (ex.: psiquiatra).

Podes ajudar um amigo teu numa situação em que suspeitas que está a sofrer de algo relacionado com a esquizofrenia, utilizando algumas estratégias úteis (ANIPI).

 

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