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4º CENÁRIO - ANSIEDADE E STRESS

 

 

:::: 1.ª AÇÃO: APROXIMAR-SE DA PESSOA, OBSERVAR E AJUDAR

  • Podes reparar que existem sinais de alerta em relação ao comportamento do Diogo, por exemplo, evitar ir a sítios onde estejam muitas pessoas; tremer, corar ou sentir-se mal quando está em situações em que tem de falar em público; isolamento e mudança na relação com os amigos; dizer-te que tem medo de falar em público e que sente que o seu coração está a bater muito depressa… Como amigo do Diogo, a primeira coisa que podes fazer é abordá-lo para tentares perceber o que se passa e há quanto tempo ele se sente assim.
  • A abordagem que fazes junto dele deve ser pensada e planeada. Não fales com o Diogo acerca deste assunto em qualquer lugar, tenta escolher um que seja confortável e familiar e onde possam conversar sem que haja risco de serem interrompidos ou escutados. A casa de um de vós pode ser um bom sítio. Outra alternativa é um jardim ou um lugar calmo.
  • Se te sentires nervoso ou inseguro enquanto estás a falar com o Diogo, não te preocupes, é normal. Apesar deste nervosismo, começa a conversa utilizando frases que possam ser entendidas como de preocupação, apoio, interesse e incentivo, por exemplo:

          - Estou preocupado contigo e quero ajudar-te para que te sintas melhor;
          - Sabes que estou disponível para te ouvir, quando te sentires à vontade para falar;
          - Sou teu amigo e sabes que tens o meu apoio.

  • Não utilizes, em momento algum na conversa, frases que possam ser entendidas como uma acusação, julgamento, incentivos negativos ou de desvalorização do que o Diogo sente, tais como:

          - O teu distanciamento vai-te fazer perder os teus amigos todos!
          - Tens tudo, não tens motivo nenhum para teres medo!
          - Precisas é de sair de casa!

  • Não te esqueças que, da mesma forma que tu podes reagir de várias formas a esta situação, o Diogo também pode manifestar todo o tipo de reações a esta conversa. Pode ficar aliviado por admitir que alguma coisa se passa e que é um problema, pode ficar incomodado e zangado, ou então negar que exista um problema. É importante que mantenhas a calma, e nunca digas: «ok, não queres falar, o problema é teu».
  • Independentemente da reação do Diogo, a tua intervenção foi importante porque mostras-te a tua disponibilidade para o ajudares. O primeiro passo foi dado.

 


:::: 2.ª AÇÃO: NÃO JULGAR E ESCUTAR COM ATENÇÃO

  • Escutares o Diogo é fundamental, porque este é o momento em que ele te vai contar o que se passa, como se sente e o que o faz sentir-se assim. Apesar de poder ser difícil para ti, é importante que não o julgues ou formes quaisquer juízos de valor acerca daquilo que ele te está a contar. O que estás a ouvir pode parecer-te absurdo num primeiro momento, mas é essencial que ele sinta que pode confiar e contar contigo. Deves deixá-lo falar e não fazer comentários do tipo: «estás a gozar, certo?» Se te perguntar o que pensas, nunca respondas sem refletir bem sobre o assunto, para teres a certeza que falas com ele com uma «mentalidade aberta».
  • Enquanto estás a escutar o Diogo podes sentir-te assustado, triste ou frustrado com aquilo que estás a ouvir, no entanto não deves manifestar emoções negativas (ex. ficares ansioso). Tenta manter a calma e continua a escutá-lo com respeito e atenção.
  • Não te esqueças que este momento é embaraçoso, pois o que ele te está a contar são os seus sentimentos, o que é um sinal de confiança que não deves desvalorizar. Aquilo que o Diogo quer, enquanto fala contigo, é que o escutes, que mostres compreensão acerca da sua situação e que faças com que ele sinta que tu percebes aquilo por que ele está a passar. É importante que te certifiques que estás a perceber tudo o que ele te diz, mesmo que tenhas de lhe perguntar mais do que uma vez ou que tenhas de resumir todas as informações que ele te dá. Por exemplo, podes usar a frase: «aquilo que tu me estás a tentar dizer ou disseste é que…»
  • Para que a comunicação seja eficaz, deves ter em mente três princípios: aceitação, honestidade e empatia.
  • A aceitação significa que deves respeitar o que o Diogo está a passar, bem como valorizar os seus sentimentos e crenças, mesmo que sejam diferentes dos teus;
  • A honestidade quer dizer que deves ser verdadeiro no teu comportamento, não agindo de forma oposta, isto é, dizer que compreendes pelo que ele está a passar e depois afastares-te dele. Não te esqueças que ele confiou em ti;
  • A empatia significa que tu és capaz de imaginar o que ele está a passar e consegues colocar-te no lugar dele, ou seja, se ele te estivesse a ajudar, e tu estivesses a viver essa situação, saberias como te sentirias.
  • Quando o Diogo estiver a falar contigo, evita expressar as tuas convicções pessoais ou reações negativas que possam ser vistas como um julgamento, tais como:

          - Acho que não tens razões nenhumas para te sentires assim!
          - Tens noção que há pessoas com vidas piores que a tua?
          - Aprende a controlar os teus sentimentos!
          - Tens que andar com a vida para a frente!

  • Lembra-te sempre que o comportamento do Diogo é causado pelo seu problema e não por teimosia ou fraqueza pessoal. Não te esqueças, também, que nem sempre é fácil falar acerca de nós e do que sentimos. Tenta ser paciente, mesmo que ele tenha dificuldades em falar, e nunca o interrompas quando ele o estiver a fazer.
  • Muitas vezes as nossas expressões faciais e corporais dizem mais que as palavras. Além de respeitar os seus silêncios, deves adotar uma postura amigável, sem fazer cara de admirado, de quem está a fazer um «frete» ou a «apanhar uma seca». Não cruzes os braços pois pode significar que estás na defensiva e tens medo dele. Se puderes, não estejas de frente para ele, mas sim ao seu lado, para criares proximidade. Olha-o nos olhos, de um modo que ele se sinta confortável. Se ele estiver sentado, senta-te também. Se ele estiver de pé e achares melhor, senta-te para que que não se sinta pressionado.

 


:::: 3.ª AÇÃO: INFORMAR E APOIAR

  • Depois de escutares o Diogo torna-se mais fácil seres capaz de lhe prestar apoio e procurar informação útil. É muito importante que ele sinta que a tua preocupação é genuína e que o compreendes. Sê paciente e atencioso para que ele não sinta que o vais abandonar.
  • Não te esqueças que o Diogo se sente fragilizado e está vulnerável, por isso trata-o com respeito e dignidade, não receando ouvir as suas decisões, sentimentos e crenças, mesmo que ele, em alguns momentos, possa não ser simpático contigo.
  • Lembra-te que não sabes como reagirias se estivesses a passar por esta situação! Acima de tudo, não o culpes pelo seu estado, muito pelo contrário, diz-lhe que a culpa não é dele e demonstra-lhe o teu apoio para ultrapassar esta situação. É importante que não desvalorizes aquilo pelo qual ele está a passar e o que sente.
  • Fá-lo acreditar que há esperança que ele melhore e que venha a sentir-se melhor contudo, evita fazer promessas que não possas cumprir. Se prometeres estar com ele nesta fase, está mesmo e cumpre, pois é uma forma de ajuda. Lembra-te que ele tem um problema e que até a tarefa mais simples do dia a dia lhe pode ser muito difícil de realizar.
  • Podes, também, oferecer-lhe a tua ajuda na realização de algumas tarefas em que ele necessite de auxílio, no entanto, tem cuidado, para não adotares uma atitude de superproteção, tratá-lo como se ele fosse incapaz ou então que apenas dependa de ti para executar estas tarefas (há momentos em que não podes ou não vais estar presente). Quando estiveres a falar com ele não utilizes um tom de voz que possa parecer que estás a falar para uma criança.
  • Podes sentir-te tentado a protegê-lo de situações que lhe causem ansiedade. Não o faças. É muito importante que ele tenha contacto com estas situações para que consiga ultrapassar o seu problema, ou poderá sentir-se ainda mais ansioso quando estiver em contacto com elas.
  • Existe informação disponível que podes procurar e fornecer sobre apoio a problemas de saúde mental, como é este caso. Procura informação correta e apropriada para a situação e idade do Diogo. Se sabes pouco ou nada sobre o assunto, assume e procura a informação com ele.
  • Lembra-te que este é um problema que se pode prolongar por muito tempo. Não te sintas frustrado com ele. Sê compreensivo, positivo e encorajador. Não desistas de o ajudar.

 


:::: 4.ª AÇÃO: PROCURAR AJUDA PROFISSIONAL ESPECIALIZADA
INCENTIVANDO A PESSOA A OBTÊ-LA

  • Muitas pessoas desvalorizam os sintomas que apresentam e que estão relacionados com as perturbações da ansiedade. Se o Diogo não receber ajuda, vai-se afastar dos amigos e família e vai ter problemas ao nível da sua vida pessoal e profissional. É, portanto, primordial que o encorajes a procurar ajuda especializada ou então que o acompanhes nessa procura. Lembra-te que quanto mais cedo o Diogo procurar ajuda, maior é a probabilidade de ele ultrapassar esta situação.
  • Devido à sua situação, o Diogo pode não querer ajuda. Neste caso, procura perceber as suas razões, pois podem estar relacionadas com os preconceitos pessoais relativamente às fontes de ajuda que se baseiam no estigma que estas doenças implicam. O teu apoio pode ser essencial para que ele consiga ultrapassar os seus medos. Se mesmo assim ele não quiser procurar ajuda profissional, lembra-lhe sempre que tem o teu apoio caso mude de ideias.
  • Se o Diogo admitir que precisa de ajuda, informa-te, por exemplo através deste Website, e discute com ele as várias opções de profissionais disponíveis. Se ele não souber onde pode procurar ajuda, incentiva-o e acompanha-o nessa busca, mesmo que demore algum tempo. É fundamental que não desistam!
  • Encoraja-o a falar também com os seus pais acerca da sua ansiedade e o que a poderá estar a causar. Tal não implica que estejas a trair a sua confiança, pois procuras a melhor forma de o ajudar. Sê compreensivo, positivo e encorajador. Não desistas de o ajudar.


:::: 5.ª AÇÃO: INCENTIVAR O RECURSO A OUTROS APOIOS

  • Encoraja o Diogo a procurar outros apoios, tais como a família e os amigos. Se for necessário contacta também organizações que disponibilizem informação e prestem apoio a pessoas que estão a passar pela mesma situação. Esclarece as tuas dúvidas. A recuperação do Diogo pode ser mais rápida e eficaz se ele se sentir apoiado e confortável no ambiente que o rodeia.
  • Incentiva-o a utilizar estratégias de autoajuda, no entanto, não te esqueças que o interesse dele pode depender da fase da ansiedade e da intensidade dos seus sintomas. A sua ansiedade pode ser ligeira, mas também pode ser grave. Quem avalia esse estado é o profissional de saúde adequado, por exemplo, se acompanhares o Diogo a uma consulta médica no centro de saúde, ele depois é encaminhado para os profissionais mais adequados para o tratamento do seu problema.

A leitura deste Website não substitui a necessidade de uma formação mais específica.

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