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2º CENÁRIO - ESQUIZOFRENIA

:::: 1.ª AÇÃO: APROXIMAR-SE DA PESSOA, OBSERVAR E AJUDAR

  • Podes reparar que existem sinais de alerta no comportamento do André. Por exemplo, mudanças na relação com os amigos, isolamento dos amigos, estar distraído, parecer confuso, falar sozinho, mostrar-se desconfiado ou mesmo assustado. Sendo amigo do André, a primeira coisa que podes fazer é abordá-lo para tentares perceber o que se passa e há quanto tempo ele se sente assim.
  • Esta abordagem deve ser pensada e planeada. Não fales com o André acerca deste assunto em qualquer lugar, deixa-o escolher um local que lhe seja confortável e familiar, e onde possam conversar sem que haja risco de serem interrompidos ou escutados. Não te admires se ele não quiser falar sobre este assunto, pois, provavelmente, ele vai tentar esconder que está com um problema, uma vez que esta situação é muito confusa para ele.
  • É muito importante que, ao falares com o André, estejas atento ao seu comportamento e à forma como reage ao que lhe estás a dizer. Ajusta a maneira como falas aos sinais que ele te vai dando. Por exemplo, se achares que ele está a suspeitar de ti tenta evitar um contacto que ele possa entender como sendo de confrontação, evita olhar-lhe nos olhos fixamente. Dá-lhe espaço e não lhe toques sem a sua permissão.
  • Se te sentires nervoso ou inseguro enquanto estás a falar com o André, não te preocupes, é normal. Apesar deste nervosismo, começa a conversa utilizando frases que possam ser entendidas como de preocupação, apoio, interesse e incentivo, por exemplo:

          - Estou preocupado contigo.
          - Sabes que estou disponível para te ouvir, quando te sentires à vontade para falar.
          - Sou teu amigo e sabes que tens o meu apoio.

  • Não utilizes, em momento algum na conversa, frases que possam ser entendidas como uma acusação, julgamento, incentivos negativos ou de desvalorização do que ele sente, tais como:

    - Ages como se estivesses maluco!
    - Andas muito agitado!
    - Estás doido? Não está aqui ninguém!
    - A forma como te tens comportado não é correta!
    - O teu distanciamento vai-te fazer perder os teus amigos!
    - Precisas de beber uns copos com a malta!

     

  • Não te esqueças que, da mesma forma que tu podes reagir de várias formas a esta situação, o André também pode manifestar todo o tipo de reações a esta conversa. É importante que mantenhas a calma, e mesmo nessa situação nunca digas: «ok, não queres falar, o problema é teu».
  • Independentemente da reação do Diogo, a tua intervenção foi importante porque mostras-te a tua disponibilidade para o ajudares. O primeiro passo foi dado.

 


:::: 2.ª AÇÃO: NÃO JULGAR E ESCUTAR COM ATENÇÃO

  • Não te esqueças que o comportamento do André é resultado da sua doença e ele pode ter dificuldades em conseguir distinguir o que é real do que não é. Mesmo que ele não seja simpático para contigo ou te faça acusações injustas, tenta ser compreensivo, mantém a calma e esforça-te para tentar perceber o que ele sente. Apesar de ser difícil para ti, não o confrontes, critiques ou culpes.
  • Se reparares que o André possa estar a ter um delírio enquanto está a falar contigo, lembra-te que o que está a ver/ouvir/sentir é real para ele, por isso, não o confrontes. Tenta ser compreensivo e não o tentes fazer crer que não é real.
  • Podes sentir-te assustado, triste ou frustrado com aquilo que estás a ouvir, no entanto, não deves manifestar emoções negativas. Também é muito importante que não te rias dele, nem que reforces as suas falsas crenças, por exemplo, se ele te estiver a dizer que um professor o anda a perseguir, não digas que é verdade e que ele deve fugir dele. Tenta manter a calma e continua a escutá-lo com respeito. É fundamental que ele sinta que pode confiar e contar contigo.
  • Tenta falar com o André de uma forma simples e clara, repetindo o que dizes, sempre que achares que ele possa não te ter compreendido. Dá-lhe tempo para responder, pois ele pode não demonstrar os seus sentimentos, o que não quer dizer que não te esteja a ouvir e a compreender o que lhe dizes.
  • Para que a comunicação seja eficaz, deves ter em mente três princípios: aceitação, honestidade e empatia.
  • A aceitação significa que deves respeitar o que o André está a passar, bem como valorizar os seus sentimentos e crenças, mesmo que sejam diferentes dos teus;
  • A honestidade quer dizer que deves ser verdadeiro no teu comportamento, não agindo de formas oposta, isto é, dizer que compreendes e depois afastar-te dele. Não te esqueças que ele confiou em ti;
  • A empatia significa que és capaz de imaginar o que ele está a passar e consegues colocar-te no lugar dele, ou seja, se ele te estivesse a ajudar, e o que seria se estivesses tu a viver essa situação.
  • Muitas vezes as nossas expressões faciais e corporais dizem mais que as palavras. Além de deveres respeitar os seus silêncios, deves adotar uma postura amigável, sem fazer cara de admirado, de quem está a fazer um «frete» ou a «apanhar uma seca». Não cruzes os braços pois pode significar que estás na defensiva e tens receio dele. Se puderes, não estejas de frente para ele, mas sim ao seu lado, para criares proximidade. Se ele estiver sentado, senta-te também. Se ele estiver de pé e achares melhor, senta-te para que que não se sinta pressionado.

 


:::: 3.ª AÇÃO: INFORMAR E APOIAR

  • Não te esqueças que o André se sente fragilizado e está vulnerável, por isso trata-o com respeito e dignidade, não receando ouvir as suas decisões, sentimentos e crenças. Sê paciente e atencioso para que ele não sinta que o vais abandonar.
  • Podes, também, oferecer-lhe a tua ajuda na realização de algumas tarefas em que ele necessite de auxílio, no entanto, tem cuidado, para não adotares uma atitude de superproteção (fazer todas as atividades dele, por exemplo trabalhos escolares), tratá-lo como se ele fosse incapaz (dizer: deixa estar que eu faço, tu não estás em condições) ou então que apenas dependa de ti para executar estas tarefas (há momentos em que não podes ou não vais estar presente).
  • Diz-lhe que há tratamentos disponíveis e dá-lhe a oportunidade de ser ele a escolher o tipo de ajuda que quer, pois isto vai fazer com que ele sinta que está no controlo da sua situação. Fá-lo crer que há esperança que ele melhore contudo, evita fazer promessas que não possas cumprir.
  • Existe informação disponível que podes procurar e fornecer sobre apoio a problemas de saúde mental, como é este caso, no entanto, escolhe bem o momento em que falas com ele, sendo que não o deves fazer se ele estiver com um delírio ou uma alucinação no momento. Procura informação correta e apropriada para a situação e idade do André.
  • Não cedas à tentação de querer descobrir o problema, querendo agir como um profissional que não és, ou ainda pensar que és a única opção que ele tem. És amigo, a tua ajuda é valiosa mas não és a pessoa que vai resolver o problema e deves tentar encaminhá-lo corretamente.

 


:::: 4.ª AÇÃO: PROCURAR AJUDA PROFISSIONAL ESPECIALIZADA
INCENTIVANDO A PESSOA A OBTÊ-LA

  • Como amigo do André é indispensável que tentes fazer algo para que ele receba o tratamento adequado, aconselhando-o e aos seus pais para que vá ao seu médico de família (que o poderá encaminhar) ou a um psiquiatra.
  • É provável que o André não reconheça o seu problema e que se recuse a procurar ajuda. Não desistas de o ajudar! Incentiva-o a falar com alguém em quem ele confie, porque é essencial que ele tenha uma avaliação de um profissional de saúde adequado. Também podes ser tu a procurar informação e conselhos junto de um profissional de saúde, para que consigam criar estratégias que possam ajudar o André.
  • Não o ameaces com internamentos se ele não quiser consultar um profissional, pois ele ficará ainda mais assustado para procurar ajuda. Antes pelo contrário, o teu apoio pode ser essencial para que o André consiga ultrapassar os seus medos. Se mesmo assim ele não quiser procurar ajuda profissional, lembra-lhe sempre que tem o teu apoio caso mude de ideias.
  • Encoraja-o a falar também com os seus pais acerca da sua situação. Tal não implica que estejas a trair a sua confiança, pois procuras a melhor forma de o ajudar. Sê compreensivo, positivo e encorajador. Não desistas de o ajudar.

 


:::: 5.ª AÇÃO: INCENTIVAR O RECURSO A OUTROS APOIOS

  • Assegura-te que o André tem a possibilidade de procurar outros apoios, tais como a família e os amigos, pois são muito importantes na prevenção de comportamentos de risco e até mesmo de recaídas.
  • Se for necessário contacta também organizações que disponibilizem informação e prestem apoio a pessoas que estão a passar pela mesma situação. Esclarece as tuas dúvidas. A recuperação do André pode ser mais rápida e eficaz se ele se sentir apoiado e confortável no ambiente que o rodeia.
  • Incentiva-o a não utilizar álcool ou drogas, pois podem piorar os seus sintomas e a forma como se sente.

A leitura deste Website não substitui a necessidade de uma formação mais específica.

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